Thursday, December 14, 2006

Teorias do real: Realismo e Relativismo

O que é real? Como saber se o que estamos vivenciando é realidade ou não passa simplesmente de sonho? Esta é uma das questões mais fundamentais abordadas pela filosofia. O que garante a veracidade das coisas que vemos? O que é e como é a realidade?
Vários filósofos ao longo dos séculos tentaram responder a essas perguntas. Podemos dividir as diversas teorias do real em duas linhas de pensamento: o Realismo e o Relativismo.
Na visão dos filósofos realistas, a realidade é uma dimensão objetiva, concreta e absoluta, independe de qualquer interpretação ou contexto. A realidade é a mesma para qualquer indivíduo ou qualquer coisa, em qualquer lugar do universo. Na postura realista, as coisas tem autonomia, subsistem em si e por si. Qualquer evento que ocorra em algum ponto qualquer do universo (a explosão de uma estrela em uma galáxia distante, por exemplo) é real, ainda que ninguém possa presenciar seu acontecimento. Portanto, uma idéia de realidade que não seja compatível com o a verdade absoluta, será falsa.
Já para os relativistas, não existe uma realidade única e acabada, um mundo que exista em si. A realidade depende das interpretações e do contexto na qual a analisamos. Só haverá mundo se existirem seres capazes de compreendê-lo. Se uma estrela em uma galáxia distante explodir, e a luz de sua explosão jamais chegasse até nós, é como se essa estrela nunca tivesse existido, e nunca tivesse feito parte do nosso mundo. Para o relativismo, há tantas realidades quanto existem mentes para concebê-las, através da interpretação do mundo. Cada indivíduo teria sua definição do que é real, e essa seria a sua realidade, que poderia ser aceita como verdadeira, uma vez que não existe realidade absoluta.



Do ponto de vista do realismo, uma pintura pode ser considerada imperfeita se não reproduz adequadamente as formas e proporções do seu objeto. O quadro "O Vale Lackawanna" (1855), do pintor norte-americano George Inness, coloca em questão o realismo na arte. Na pintura, feita sob encomenda de uma companhia ferroviária, o pintor resolveu esconder os trilhos da parte inacabada da estrada de ferro, encobrindo-os com a fumaça do trem, por considerar uma desonestidade representar algo que ainda não existia. Mas estaria a mentira nos trilhos de fantasia ou muito mais na tentativa de reduzir a arte à propaganda, vendendo a imagem como se fosse uma reprodução fiel da paisagem?




Esta é a capela Notre-Dame du Haut (1950-55), em Ronchamp, na França, projetado pelo arquiteto francês Le Corbusier. Um turista pode apreciar as formas arrojadas, o estilo incomum, e dizer se o prédio é belo ou feio. Um fiel buscaria na luminosidade da nave inspiração para uma oração. Já um arquiteto poderia prestar mais atenção na realização do projeto, elogiando ou criticando as soluções de divisão do espaço, do tamanho das diminutas janelas, concluído se a obra é boa ou não, se é apropriada para os fins a que se destina. Finalmente, um engenheiro iria descrevê-lo como sendo uma estrutura côncava de concreto, apoiada sobre três colunas de pedra, medindo 22 metros de altura, com paredes brancas e portas e janelas coloridas. Qual é a realidade da capela?

1 Comments:

Blogger Clara Luiza Miranda said...

Márcio eu ainda gostaria que postasse sobre a relação de seu assunto com a disciplin de estética.

1:48 PM  

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